Oremos!

Este é um post completamente não planeado, mas tenho de escrever aquilo que estou a pensar para imortalizar. Efetivamente quando me inscrevi para a maratona assinei o pacote completo. E até agora não tenho motivo de reclamação. Altos, baixos, diversão, cansaço, fome, dores... Tudinho!
Desta forma, reza a lenda que na semana antes da maratona vão acontecer cenas e coisas que te testam os nervos. Et voilá!
Começou logo com a morte não anunciada da nossa máquina de lavar roupa. E porque é que é dramático? Se tiveram necessidade de fazer essa pergunta claramente que não correm, portanto salvem-se enquanto podem. Para aqueles que correm, uma máquina de lavar roupa avariada, significa correr o risco de ter de ir treinar com calças de ganga ou aquele vestido de festa que não serve para nada (porque não tens vida social), enquanto toda a família morre com o cheiro da roupa suja que se vai entranhando lentamente por todas as divisões da casa! É um drama, um horror, uma história verídica! 
Bom, esse problema foi resolvido pelos meus queridos pais, que trataram de encomendar uma máquina que chegou mesmo esta tarde e que já está a trabalhar sem parar. 
Como não podia ser só uma coisinha simples, ontem começou a doer-me um dente. Não é um dentinho, é um dentão – um valente dente do siso, que até agora tinha escolhido ignorar, mas que quis protagonismo e qual vampiro em noite de Halloween, escolheu esta semana para me assombrar. Pensei positivamente e que era dor passageira, mas não. Dormi mal, com dores, a comida custa a entrar e nem com Ibuprofeno a dor melhorou. A minha caríssima dentista está de licença de maternidade (passa a vida nisto) e por isso tive de marcar para um desconhecido. No meio disto tudo, tive muita sorte porque consegui marcação para hoje ás 19 horas. Primeiro pensamento: oh bolas, isso é mesmo na hora do treino.
Desolada, tive de ser rija e acreditem hoje superei-me. Sitio de treino: Parque das Artes e do Desporto, também conhecido por Parque da Boba, também conhecido por sitio em que ninguém quer treinar no seu perfeito juízo. Perguntei à minha mãe se depois das obras aquilo tinha alguma zona plana e ela explicou que sim, que tinham feito uma espécie de planalto e que já tinha visto lá pessoas a fazer séries. Lá fui eu! Má ideia, má ideia. Planalto num dia em que está vento polar, chuva intensa... como é que eu hei-de explicar... senti-me num documentário sobre fenómenos climatéricos extremos e quase voei até ao Dolce Vita Tejo (sem ser para fazer compras). Rapidamente descobri também que aquilo não tinha nenhuma reta plana suficientemente longa para fazer o meu fartleke, por isso, fiz o aquecimento e vim por ali abaixo em busca de uma solução. Acabei por ter de fazer as minhas 10 acelerações de 50 segundos entre um parque infantil e uma praceta, brincando com a sorte quando passava pelos carros ou quando passava numa plataforma que com a chuva parecia ter sido besuntada com banha. Mas tudo vale a pena quando ouves “cuidado jeitosinha não caias”. Há quem ache que é discriminação, mas é uma tradição tão bonita a do piropo... Também tive uma senhora a assistir às minhas voltas infinitas da janela de sua casa, com um ar de quem não está a perceber bem que travadinha é que me teria dado. 
Bem, acabo o treino, tomo banho e siga para o dentista. Será que me arranca o dente, será que não arranca?
Chegada ao consultório, expliquei a situação chata de ter 42 km para correr no domingo e diz o dentista “percebo perfeitamente a situação, eu estou a treinar para Valência”. E oremos! Há mais malucos na terra e parecem quase uma praga. Claro que estivemos a conversas sobre corridas e o fato das pessoas não compreenderem quem corre e o que implica treinar para um objetivo como uma maratona. Para terem a noção, a conversa só parou porque a assistente gentilmente informou que já tinha chegado a próxima cliente. 
Termino este segmento dizendo que, deviam ser criados grupos de apoio emocional, para corredores anónimos e que sofrem todos os dias! Unam-se minha gente, porque unidos somos mais fortes e venceremos todos os dentes do siso e máquinas de lavar roupa com a mania que são divas!

P.S. Pelo sim pelo não acendam uma velinha por mim!

*Don’t stop me now – Queen*





Comentários

  1. jeitosinha no eul houve frango à discrição, não fez vento nem chuva, nenhuma, nenhuma

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  2. Apoiado.... Nós corredores anónimos precisamos de todo o apoio.
    E nunca deixaremos morrer o piropo, eheheh.
    Mais um excelente post... E não há "sisos" que nos derrubem.

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  3. Perfeito! Um stress - ou vários - na semana que antecede a Maratona é o toque que faltava para o sucesso. Diz-te uma pessoa que em 2016, uns dias antes da prova, ia caindo de um escadote em casa a fazer tarefas domésticas e que em 2017, uma hora antes de partir para o Porto, teve que decidir ir sem a família por causa da nossa gata que acabou por ser operada nesse fim de semana. Penso que a embalagem de Griponal que tenho à frente seja o meu stress de 2018.

    Felizmente há mais loucos que nos percebem. Quando há uns anos tive que ir à CUF disse ao enfermeiro que fez a triagem que estava ali para saber se conseguia ia ao Fim da Europa dentro de duas semanas. A resposta foi "Eh pá, não me digas nada. A minha filha faz anos nesse dia e este ano vou ter que faltar!" :D

    Força para estes dias finais até ao teu moment of glory no domingo. :)

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  4. Minha Ninja mai uinda e jeitosona, tu és rija como o caraças e não é um dentinho ou uma roupita a cheirar a pacholi que te vão derrubar, bora lá, estas cenas são todas necessárias para no dia aquela Meta ainda ter um sabor melhor, não vou estar fisicamente presente infelizmente, mas estarei de coração <3 e vou rezar por ti :)

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