Correr: prazer ou sofrimento?

Peço desculpa pelo longo período de ausência, mas gosto de estar inspirada para escrever e sair naturalmente. Nos últimos dias ou estou a dormir, ou a treinar ou a trabalhar ou, tendo tempo, não tinha nada que me apetecesse dizer (acho que tiveram sorte que andei um bocado ranzinza ahaha). 
Bom, vamos então falar de um tema que toda a gente fala: o prazer ou desprazer da corrida. No outro dia, o meu amigo Paulo Nunes dizia que eu sempre disse que corria por prazer e que agora tinha mudado. Eu sou uma tipa que, apesar de distraída, por vezes medita sobre o que a malta vai dizendo e pensei de mim para mim: mas estou a correr porquê? E será que mudei a minha atitude? Acho que estas reflexões às vezes fazem sentido. 
Sabem aquela imagem dos filmes que a miúda vai a correr, esvoaçante e super feliz e parece que não se passa nada? A mim não me calha isso... Quando pergunto o ritmo ao meu querido treinador e ele diz “é para ir descontraída”, respondo que isso não é comigo. 
Não se assustem! Tenho vindo a melhorar ao longo dos anos e, há alguns ritmos, que quase, quase, quase que consigo ser a tal miúda dos filmes. Quem vai comigo nos treinos às quintas-feiras consegue até ouvir-me a cantar (desgraçados)! Mas na maioria dos treinos eu não sou uma pessoa muito linda, leve e fresca. 
Então se a corrida é assim uma tarefa para cansar porque é que insisto? Eu adoro o sentimento de superação! Ter um treino super desafiante ou uma semana intensa e conseguir cumprir é uma sensação INCRÍVEL. Acabar um treino de séries (daqueles que até dão uma certa náusea), olhar para o relógio e pensar “fui eu que fiz”, que orgulho! Acho que muitos entendem estas sensações. Os que não entendem têm de experimentar! 
Se mudei a atitude? Sim e não. Não, no sentido que continuo a querer fazer algo que me deixe feliz. Sim, porque estou muito mais focada e disciplinada. A Susana de antigamente não teria corrido esta semana, com este calor. O objetivo também é mais difícil. Sempre pensei que um dia iria fazer uma maratona, mas respeito muito a prova. Acho que a maratona pode mudar uma pessoa e torna-la melhor. Exige sacrifício, exige determinação, precisamos de grandes doses de energia física e anímica. E, posso vir a corrigir esta afirmação daqui a uns meses, mas acho que o difícil não é a prova (que será certamente muito difícil). O difícil é o caminho até ela. Mas dizem os sábios que “o caminho faz-se caminhando”. 
Até agora tem sido um misto de emoções e esta semana sinto-me exausta, mas abençoada. Nesta minha caminhada tenho a sorte de ter muletas da melhor qualidade possível. Tenho o meu mister sem restrições de mimo, tenho os meus amigos sempre a motivar, tenho todos aqueles que me tratam das mazelas e dos mimimis e nos dias em que não tenho energia para o treino, lá aparece um anjinho que puxa por mim (hoje tive 3 anjinhos, obrigada de coração). E o mundo da corrida é isto! Quando estás a ficar para trás, alguém puxa por ti ou te empurra e dás um bocadinho mais de ti. E isso também é um prazer de ver e sentir! 
Por isso, resumindo a corrida neste momento é um prazer que exige um caminho de sofrimento! 

 *Highway to Hell – AC/DC*

Créditos da foto: A Natureza ensina


Comentários

  1. ... e vai culminar num momento único e só teu em que vais perceber que tudo valeu a pena!

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